Maria, protetora de nossa Fé

Aquela que acreditou na luz quando se fazia noite pode abrir-nos os olhos da alma

Desde o momento em que surge no Evangelho como a Virgem de Nazaré a dizer o seu “sim” salvador ao convite para ser a Mãe do Verbo Encarnado, até o instante em que foi levada ao Céu em corpo e alma, Maria tornou-se símbolo e modelo de fé cristã. Ela é a Alma que, única, confiou nas promessas da Ressurreição, quando todos se abatiam nas dores do Gólgota; Aquela que acreditou na vitória e expansão da Igreja, quando todos se deixavam dominar pelo medo, antes de Pentecostes.

Maria acreditou

Na atitude de fé da Santíssima Virgem, concentrou-se toda a esperança do Antigo Testamento na chegada do Salvador. Como Abraão, que deixou a sua terra confiando na promessa de Deus, Maria abandona-se com total confiança na palavra que o Anjo lhe anuncia, convertendo-se assim em modelo e mãe dos crentes. A Virgem acreditou que nada é impossível para Deus e tornou possível que o Verbo habitasse entre os homens. Nossa Mãe é modelo de fé. Com alegria, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade. Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de O salvar da perseguição de Herodes. Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota. Com fé, Maria saboreou os frutos da Ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo, transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo.

Mestra de fé

Pela fé, Maria penetrou no Mistério de Deus Uno e Trino como não foi dado a nenhuma criatura, e, como “mãe da nossa fé”, nos fez participantes desse conhecimento. Nunca aprofundaremos bastante neste mistério inefável; nunca poderemos agradecer suficientemente à nossa Mãe a familiaridade com a Trindade Beatíssima que Ela nos deu.

A Virgem é mestra de fé. Toda a exibição da fé na existência tem seu modelo em Nossa Senhora: o compromisso com Deus e o conformar as circunstâncias da vida ordinária à luz da fé, também nos momentos de escuridão. Nossa Mãe nos ensina a estarmos totalmente abertos à vontade divina, ainda que seja misteriosa, embora muitas vezes não corresponda à própria vontade e seja uma espada que trespassa a alma, como profeticamente o velho Simeão dirá a Maria no momento em que Jesus é apresentado no Templo. Sua plena confiança no Deus fiel e em suas promessas não diminui, embora as palavras do Senhor sejam difíceis ou, aparentemente, impossíveis de acolher.

Por isso, se a nossa fé for débil, recorramos a Maria. Na escuridão da Cruz, a fé e a docilidade da Virgem dão um fruto inesperado. Em João, Cristo confia à sua Mãe todos os homens e especialmente os seus discípulos: os que haviam de crer n’Ele. A sua maternidade se estende a todo o Corpo Místico do Senhor. Jesus nos dá como mãe a sua Mãe, nos coloca sob seu cuidado, nos oferece a sua intercessão. Por esse motivo, a Igreja convida, constantemente, os fiéis a dirigir-se com particular devoção a Maria.

A nossa fragilidade não é obstáculo para a graça. Deus conta com ela, e por isso nos deu uma Mãe. Nesta luta que todos nós, seguidores de Cristo, devemos enfrentar, Maria não nos deixa sozinhos. A Mãe do Senhor e da Igreja está sempre conosco, nos acompanha, luta conosco, sustenta os cristãos no combate contra as forças do mal.

A Virgem é a melhor mestra da escola da fé, pois sempre se manteve em uma atitude de confiança, de abertura, de visão sobrenatural, diante de tudo que acontecia ao seu redor. Seu caminho de fé, mesmo que de modo diferente, é parecido com o de cada um de nós: há momentos de luz, porém também momentos de uma certa obscuridade em relação à Vontade divina: quando encontraram Jesus no Templo, Maria e José, não compreenderam o que ele lhes dissera. Se, como a Virgem, acolhemos o dom da fé e pomos no Senhor toda nossa confiança, viveremos cada situação com o gozo e a paz dos filhos de Deus.

Imitemos a fé de Maria

A exemplo de Nossa Senhora, devemos viver voltados para Deus, pronunciando o nosso “sim” à vontade d’Ele, este “sim” do qual depende nossa fidelidade à vocação pessoal, única e intransferível que foi confiada a cada cristão, e que nos fará cooperadores da obra de salvação realizada por Deus em nós e no mundo inteiro.

Mas, como responder sempre com uma fé tão firme como Maria, sem perder a confiança em Deus?

Imitando-A. Tratando de que, em nossa vida, esteja presente esta sua atitude básica diante da vontade divina: não experimenta medo ou desconfiança, mas conforma-se inteiramente com os desígnios do Senhor e n’Ele deposita toda a sua esperança.

Imitemos Maria e deixemos que Ela nos leve pela mão, ensinando-nos a viver de fé. Fé em que nada é comparável ao Amor de Deus por nós; fé em que não há impossíveis para quem trabalha por Cristo e com Ele na sua Igreja; fé em que todos os homens podem converter-se a Deus; fé em que, não obstante nossas próprias misérias e derrotas, podemos nos reerguer sempre e nos santificar, com a ajuda d’Ela; fé em que podemos reconduzir este mundo a Deus se nos deixarmos levar por Ela. Em resumo, fé em que Deus coloca cada um nas melhores circunstâncias – de saúde ou doença, situação pessoal, profissional, etc. – para chegarmos a ser santos, se a Ele correspondermos com a nossa luta diária.

Jesus Cristo estabelece esta condição: que vivamos da fé, porque depois seremos capazes de remover montanhas. E há tantas coisas a remover no mundo e, primeiro, no nosso coração! Tantos obstáculos à graça! Impulsionados pela força da fé, dizemos a Jesus: Senhor, eu creio! Mas ajuda-me, para que creia mais e melhor! E dirigimos igualmente esta súplica à santa Mãe de Deus e Mãe nossa, Mestra de fé: Bem-aventurada tu que creste, porque se cumprirão as coisas que te foram ditas da parte do Senhor (Lc 1, 45). Ajudai, ó Mãe, a nossa fé!

(Baseado em Vida Cristã, Opus Deis, 2013)